Quem está começando na área de tecnologia geralmente pensa logo nas linguagens de programação, em aprender lógica, mexer com servidores, bancos de dados, nuvem e tudo o mais. E, de fato, isso é importante. Mas tem uma coisa que nem sempre falam nos cursos: o conhecimento técnico é só uma parte da equação.
O que diferencia mesmo uma pessoa da outra, principalmente no início da carreira, não é só o quanto ela domina uma linguagem ou se sabe usar determinada ferramenta. É o jeito como ela se comporta no dia a dia. Como ela lida com um colega que pensa diferente. Ou como ela reage quando erra — porque todo mundo erra, mais cedo ou mais tarde.
Essas atitudes, que muitas vezes passam despercebidas, são o que chamam de soft skills. Habilidades que têm mais a ver com escutar com atenção, manter a calma sob pressão, conversar com clareza ou aceitar um feedback sem levar pro lado pessoal. Pode parecer simples, mas na prática, isso é o que mantém os projetos andando e os times funcionando.

Hoje em dia, empresas estão buscando pessoas que consigam somar ao time não só com conhecimento técnico, mas com postura profissional, empatia e disposição pra aprender. Afinal, aprender uma nova linguagem ou ferramenta, com dedicação, muita gente consegue. Agora, saber trabalhar bem em equipe, se comunicar de forma clara e agir com respeito mesmo sob estresse — isso não se aprende só em aula.
Em 2025, essas habilidades humanas estão mais valorizadas do que nunca, principalmente em um mundo onde a tecnologia muda rápido demais. E quem souber equilibrar a técnica com o lado humano, vai ter muito mais chance de se destacar e crescer na carreira.
Mas afinal, o que são soft skills?
De forma direta, são habilidades que têm mais a ver com comportamento do que com conhecimento técnico. É o “como” a pessoa faz as coisas, não só o “o quê”.
Um exemplo bem prático: imagine um desenvolvedor que entende tudo de código, mas não consegue conversar direito com o time. Ou um analista que faz ótimos relatórios, mas se irrita fácil quando precisa revisar algo. A parte técnica está ali, mas o convívio vira um problema.
As soft skills são justamente essas capacidades que facilitam o trabalho em grupo, a adaptação, a resolução de problemas e o crescimento profissional. Segundo o Fórum Econômico Mundial, mais da metade das competências mais importantes para o futuro são comportamentais.
As 7 soft skills que mais fazem diferença em 2025
Antes de sair procurando quais cursos técnicos fazer ou qual linguagem de programação está em alta, vale a pena olhar com carinho para essas habilidades mais humanas. Aquelas que não aparecem em certificados, mas que fazem toda a diferença no dia a dia de trabalho. A seguir, veja quais são as 7 soft skills que realmente ganham destaque em 2025 — especialmente para quem está começando na área de tecnologia.
1. Saber se comunicar com clareza
A base de tudo. Quem trabalha com tecnologia, mais cedo ou mais tarde, vai precisar explicar algo — seja num e-mail, numa call, numa apresentação ou até numa conversa rápida no corredor. E aí, não adianta encher de termos técnicos ou usar palavras difíceis. Se a pessoa do outro lado não entende, a comunicação falhou.
Muita gente boa tecnicamente acaba se enrolando nesse ponto. Às vezes, sabe tudo sobre o sistema, mas não consegue explicar pra um colega de outra área o que está acontecendo. Resultado? O projeto atrasa, o time se frustra, e todo mundo sai perdendo.
Em 2024, uma pesquisa da LinkedIn Learning mostrou que 86% dos profissionais da área consideram essa habilidade essencial pra crescer na carreira. Isso mostra que não é só “um diferencial” — é um fator decisivo.
Uma forma prática de treinar isso é tentar explicar um conceito técnico pra alguém de fora da área. Pode ser um amigo, um parente ou até alguém mais velho da família. Se a pessoa entender e ainda disser “ah, agora ficou claro”, é sinal de que você está indo bem. E claro, vale também praticar em textos: escrevendo resumos simples de algo complexo. Isso ajuda demais na clareza.
Então, se você é daquelas pessoas que prefere digitar do que falar, tudo bem. Mas ainda assim, precisa aprender a ser entendido. Porque no fim, comunicar bem é o que conecta você ao time, ao cliente e às oportunidades que vão aparecer no caminho.
2. Trabalhar bem em equipe
Mesmo no home office, ninguém trabalha completamente sozinho. Em projetos de tecnologia, tudo é feito por várias mãos. Cada pessoa cuida de uma parte, e o sucesso depende de todo mundo andar junto. É como montar um quebra-cabeça — se uma peça não encaixa direito, a imagem não fecha.
Saber se relacionar, ouvir ideias diferentes, dar sugestões sem impor e colaborar com respeito faz uma diferença enorme. Às vezes, uma simples troca de mensagem mal interpretada pode virar um mal-estar desnecessário. Por outro lado, uma conversa tranquila pode evitar retrabalho e fortalecer a confiança entre colegas.

Alguns estudos mostram que times com boa colaboração conseguem entregar resultados com mais agilidade e qualidade, já que o entrosamento entre as pessoas reduz retrabalho e melhora a comunicação. Isso porque quando há sintonia, o tempo gasto explicando, corrigindo ou “apagando incêndio” diminui. E todo mundo ganha com isso.
Um exemplo prático? Um grupo de estudantes se juntou para criar um aplicativo simples de organização de estudos. Um sabia programar, outro desenhou a interface, outro cuidou dos testes. Nenhum deles faria sozinho, mas juntos entregaram algo funcional e apresentável. Esse tipo de experiência, mesmo fora do ambiente formal, ensina muito.
Participar de um projeto colaborativo, mesmo pequeno, já é um bom começo. Pode ser um site feito com amigos, um projeto de faculdade ou até algo voluntário. O importante é exercitar o “nós”. Porque no mundo real, quase tudo é construído em equipe.
3. Resolver problemas de forma inteligente
Erros acontecem. Bugs aparecem. Alguém atrasa. O servidor cai. Quem trabalha com tecnologia precisa estar pronto pra lidar com o inesperado — e sem perder a cabeça, mesmo quando tudo parece dar errado de uma vez só.
Essa é daquelas habilidades que não dá pra ensinar num tutorial de 10 minutos. Resolver problemas exige calma, foco e uma certa dose de criatividade. Não se trata só de apagar o incêndio, mas de entender por que ele começou e o que fazer pra não acontecer de novo.
Imagine uma situação simples: o sistema sai do ar no meio do expediente. Em vez de sair apontando o dedo, o profissional que tem essa soft skill tenta entender o que houve, busca alternativas rápidas e compartilha o que aprendeu com o time depois. Parece pouco? Pois é esse tipo de atitude que constrói confiança e mostra maturidade.

Alguns estudos indicam que profissionais com essa habilidade têm mais chances de serem promovidos, justamente por contribuírem de forma mais estratégica em momentos de crise ou pressão. Não é difícil entender o motivo — quem resolve problemas, ajuda a empresa a funcionar melhor.
Quer uma dica prática? Quando você resolver um problema, por menor que seja, anote os passos. Escreve num caderno, num bloco de notas, no Notion… tanto faz. Isso vai te ajudar a ver como você pensa, o que funcionou (ou não), e a evoluir com mais consciência a cada desafio.
4. Se adaptar às mudanças
Na área de tecnologia, as coisas mudam o tempo todo. Hoje é uma linguagem nova, amanhã um projeto pivota, depois de amanhã um processo muda. Às vezes, nem dá tempo de se acostumar com uma ferramenta e já surge outra, mais rápida, mais integrada, mais “do momento”.
Quem resiste a isso sofre. Fica preso ao que já conhece e acaba ficando pra trás. Já quem se adapta com naturalidade, mesmo sentindo um friozinho na barriga, acaba crescendo — porque aprende mais, se torna mais útil ao time e encara cada mudança como uma chance de aprender algo novo.
Hoje, boa parte das lideranças em tecnologia está buscando pessoas flexíveis, que aprendem com facilidade e não se apegam ao “sempre foi assim”. Isso quer dizer que saber se reinventar de tempos em tempos virou uma das qualidades mais buscadas.
Um exemplo simples disso? Imagine uma pessoa que sempre trabalhou com atendimento por e-mail e, de repente, precisa migrar para uma central de atendimento por chatbot e WhatsApp. Dá um susto no começo, claro. Mas quem respira fundo, pergunta, pesquisa e se dispõe a aprender, consegue acompanhar — e até se destacar.
Se algo mudar no meio do caminho, vale a pena perguntar: “O que eu posso aprender com isso?” ou “Como posso me organizar para acompanhar esse novo ritmo?” Essas perguntas não resolvem tudo, mas ajudam a mente a sair do modo pânico e entrar no modo solução.
5. Pensar antes de agir
Essa habilidade tem nome: pensamento crítico. É como dar um passo atrás antes de seguir em frente — parar, refletir, pesar os prós e contras e só então tomar uma decisão.
Num ambiente cheio de prazos e tecnologias novas surgindo o tempo todo, isso faz uma baita diferença. Evita aquele retrabalho chato, melhora a qualidade do que é entregue e ainda faz com que o profissional ganhe respeito do time. Afinal, ninguém gosta de lidar com decisões precipitadas que depois viram dor de cabeça.
Um exemplo simples? Antes de sugerir uma nova ferramenta para o time, vale se perguntar: “Isso resolve mesmo o problema ou é só modinha de rede social?”. Essa pausa para pensar pode poupar horas de ajuste lá na frente.
Diversos levantamentos no setor de recrutamento apontam que a maioria dos gestores valoriza esse tipo de postura — muitas vezes mais do que certificados técnicos. E não é difícil entender por quê: quem pensa com calma costuma errar menos e acertar mais onde realmente importa.
6. Ter empatia e equilíbrio emocional
Nem sempre o problema é técnico. Às vezes, alguém está passando por um momento difícil e isso afeta o rendimento. Outras vezes, a falha foi na comunicação, não na execução. E tem hora que a pessoa nem percebe que está sobrecarregada — só sente o peso e trava.
Ter empatia é entender isso. Não significa aceitar tudo ou passar a mão na cabeça, mas reconhecer que cada um tem um contexto. E agir com respeito.
Na prática, escutar mais e julgar menos já é um ótimo começo. Uma conversa com calma pode resolver muita coisa antes de virar conflito. Um exemplo simples: se alguém está demorando pra entregar uma tarefa, em vez de pressionar direto, vale perguntar se está tudo bem, se precisa de ajuda. Só esse gesto já muda o clima e evita ruídos desnecessários.
Desenvolver empatia e equilíbrio emocional não é sobre ser “bonzinho”, mas sobre criar relações mais saudáveis — e isso é essencial em qualquer time, especialmente em tecnologia, onde a pressão por resultados é constante.
7. Se organizar de verdade
Tem gente que até faz um ótimo trabalho… mas se perde no meio de tanta tarefa. Vai acumulando demanda, esquece prazos e acaba sobrecarregado. A organização, nesse caso, vira um diferencial importante — daqueles que salvam o dia.

Usar um planner, um app simples ou até um caderninho pode fazer milagres. Não precisa ser sofisticado: o que importa é ter um jeito de visualizar o que precisa ser feito. O que não dá é pra confiar só na memória, porque ela falha — especialmente em dias mais corridos.
Um exemplo? Alguém que tem três reuniões, duas entregas e ainda precisa revisar um código. Se ela anota tudo, consegue priorizar, ajustar o que for preciso e terminar o dia com menos estresse. Se tenta lembrar de cabeça, corre o risco de esquecer o mais importante.
Organização não é dom, é treino. Começa com pequenas atitudes — como revisar a agenda no início do dia — e vai crescendo aos poucos. Com o tempo, vira hábito. E faz toda a diferença na vida profissional (e pessoal também).
Soft skills e hard skills: cada uma no seu lugar
Antes de comparar ou escolher qual habilidade desenvolver primeiro, vale a pena entender que tipo de habilidade é cada uma. Isso ajuda a ter clareza sobre o que você já tem e o que pode melhorar aos poucos. A seguir, veja a diferença entre os dois tipos — e como cada um contribui no seu crescimento profissional.
Tipo de habilidade | Exemplos | Peso nas contratações (2025) |
---|---|---|
Hard Skills | Programação, nuvem, segurança | 45% |
Soft Skills | Comunicação, empatia, adaptação | 55% |
Fonte: Revelo & Gupy – Relatório Tech Brasil 2025
Como começar a desenvolver?
Desenvolver soft skills não precisa ser algo complicado nem distante. Aliás, muitas vezes, elas nascem das pequenas atitudes do dia a dia: ouvir com atenção, organizar melhor o tempo, ter paciência em momentos difíceis ou se abrir para aprender algo novo com alguém diferente. A seguir, estão algumas formas simples e acessíveis de começar a fortalecer essas habilidades — seja estudando por conta própria, participando de projetos ou até trocando ideias com outras pessoas.
Estudando
Fazer cursos pode ser uma boa porta de entrada. Hoje em dia, há várias plataformas com conteúdos de qualidade, gratuitos ou com preços acessíveis, além de ferramentas digitais que podem ajudar no desenvolvimento dessas competências.:
- Curso sobre Comunicação Não Violenta.
- Aulas sobre Trabalho em Equipe e Colaboração.
- Treinamentos voltados para Empatia e Liderança.
Esses temas ajudam a entender melhor como se relacionar com os outros, lidar com conflitos e se posicionar de forma clara e respeitosa.
Participando
Nada ensina mais do que a prática. Participar ativamente de grupos, fóruns ou iniciativas colaborativas é uma maneira eficiente de desenvolver habilidades humanas:
- Conversar em comunidades ou grupos temáticos no Discord.
- Contribuir com projetos voluntários (por exemplo, ajudando uma ONG com o site ou redes sociais).
- Formar grupos de estudo para trocar experiências e conhecimentos.
Esse tipo de vivência ensina sobre trabalho em equipe, escuta ativa, paciência e adaptação.
Lendo
A leitura também é um ótimo caminho. Livros sobre comportamento, organização e inteligência emocional ampliam a visão e inspiram mudanças práticas:
- Trabalho Focado, de Cal Newport: ajuda a lidar melhor com distrações e desenvolver disciplina.
- O Jeito Harvard de Ser Feliz, de Shawn Achor: mostra como o bem-estar pode impulsionar o desempenho profissional.
- Inteligência Emocional, de Daniel Goleman: um clássico que ajuda a entender (e melhorar) as próprias reações e relações.
Mesmo que você não leia o livro inteiro de uma vez, só alguns capítulos já trazem insights valiosos que você pode aplicar no dia a dia.
No fim das contas, o importante é começar. E o melhor caminho é sempre aquele que combina com sua realidade, seu ritmo e sua vontade de crescer.
O que os recrutadores procuram?
Além de saber se a pessoa conhece determinada ferramenta, os entrevistadores estão observando se ela sabe trabalhar sob pressão, se é aberta a aprender, se colabora bem com o time.
Diversos levantamentos indicam que quem demonstra boas soft skills durante entrevistas tem chances significativamente maiores de ser contratado.
“E se eu for tímido?”
Isso não é um problema. De verdade. Ter soft skills não tem nada a ver com ser o mais extrovertido da sala. É muito mais sobre saber ouvir, respeitar o tempo do outro e agir com empatia nas pequenas situações do dia a dia.
Na prática, pessoas mais reservadas costumam ser ótimas observadoras e têm uma escuta genuína — o que muitas vezes ajuda a perceber coisas que passariam batido. Esse tipo de atenção é valioso em qualquer equipe, porque traz equilíbrio, evita conflitos e contribui para decisões mais cuidadosas e humanas.
E a inteligência artificial no meio disso tudo?
Com a inteligência artificial assumindo cada vez mais tarefas técnicas e repetitivas, as qualidades humanas passaram a ocupar um papel ainda mais central no ambiente de trabalho.
Afinal, algumas habilidades — como empatia, criatividade e capacidade de tomar decisões com base em valores e contextos — continuam sendo exclusivamente humanas. Elas são difíceis de automatizar porque envolvem sensibilidade, interpretação e conexão emocional, coisas que vão muito além de dados e algoritmos.
Por isso, em vez de competir com a tecnologia, faz muito mais sentido investir no que só uma pessoa de verdade consegue oferecer: um olhar cuidadoso, soluções criativas e relações de confiança. Esse é o diferencial que se destaca em meio a tantas transformações.
Resumo rápido
- Comunicação clara é essencial em qualquer área da tecnologia, não importa o nível técnico.
- Trabalho em equipe é o que faz os projetos acontecerem — ninguém cresce sozinho.
- Resolver problemas com calma e criatividade mostra maturidade e preparo.
- Adaptabilidade é fundamental num setor que muda o tempo todo.
- Pensamento crítico evita retrabalho e decisões precipitadas.
- Empatia e equilíbrio emocional criam um ambiente mais leve e produtivo.
- Organização pessoal ajuda a manter o foco e a entregar com qualidade.
- Soft skills são treináveis e fazem a diferença em entrevistas, no dia a dia e ao longo da carreira.
- Investir no lado humano é o melhor complemento para qualquer habilidade técnica.