Mulheres na tecnologia é um assunto que, apesar de antigo, continua atual e urgente. Basta olhar em volta para perceber: ainda são poucas as mulheres que estão nos cargos mais técnicos ou de liderança em empresas de tecnologia. E não é por falta de competência. Muitas vezes, o que falta mesmo é oportunidade, reconhecimento e um ambiente que valorize a diversidade.
A gente pode pensar: por que isso ainda acontece em pleno 2025? A resposta não é simples. Envolve história, cultura, educação e um monte de pequenos obstáculos que, juntos, acabam afastando muitas mulheres desse caminho. Mas a boa notícia é que muita coisa está mudando. E é sobre essas mudanças, os desafios ainda presentes e as conquistas recentes que vamos conversar neste texto.
O peso da história e os estereótipos que insistem em ficar
Durante muito tempo, a ideia de que tecnologia “é coisa de homem” ficou enraizada. Isso influenciou a forma como meninas são educadas, as brincadeiras que têm acesso, os cursos que são incentivadas a seguir.
Enquanto meninos ganhavam kits de robótica e jogos de código, meninas recebiam bonecas e materiais de artes. Pode parecer só uma diferença boba, mas isso forma a base da confiança e do interesse por determinadas áreas.
Esses estereótipos continuam aparecendo de forma mais sutil, mesmo nos dias de hoje. Em entrevistas de emprego, em reuniões, em falas do tipo: “será que ela vai dar conta de liderar esse projeto técnico?”. Ou ainda: “ela é boa, mas é muito emocional”.
A falta de representatividade e o impacto na escolha de carreira
Quando uma jovem olha para o mercado e não vê mulheres ocupando cargos de destaque em tecnologia, a mensagem que chega é clara: esse lugar não é para você. A representatividade importa. E muito.
Ver outras mulheres ocupando espaços em grandes empresas, palestrando em eventos, desenvolvendo projetos inovadores, mostra que é possível. Cria conexões, inspira e encoraja.
A tecnologia está em tudo. Mas cadê as mulheres?
Hoje, praticamente todos os setores dependem de tecnologia. Desde a saúde até a agricultura, passando pela educação, comunicação e serviços. Mesmo assim, a presença feminina nas áreas de TI ainda é pequena.
Segundo dados da Brasscom, mulheres representavam cerca de 20% da força de trabalho em TI no Brasil em 2023. E quando se fala em liderança feminina, os números são ainda menores.
Superação e protagonismo: as que estão fazendo diferente
Apesar das dificuldades, muitas mulheres têm trilhado caminhos inspiradores. Algumas mudaram de carreira, outras persistiram desde o início, mesmo com tudo dizendo o contrário. E todas elas têm algo em comum: enfrentaram desafios profissionais com coragem e firmeza.
Um exemplo é o de mulheres que, mesmo trabalhando em ambientes predominantemente masculinos, não abriram mão de suas opiniões e propostas. Que lideraram equipes, criaram startups, investiram em qualificação e mostraram que empoderamento feminino também se faz com código, dados e algoritmos.
A importância das iniciativas de inclusão e apoio
Várias iniciativas de inclusão têm ajudado a transformar esse cenário. Programas como o Elas na Tech e o Reprograma oferecem formação gratuita para inclusão de mulheres na tecnologia, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade. Mas eles vão muito além do conteúdo técnico:
- Reprograma: focado em mulheres cis e trans em situação de vulnerabilidade social, o programa oferece formações intensivas em programação, com foco em back-end, front-end e desenvolvimento web. Também promove rodas de conversa, apoio psicológico e mentoria com mulheres da área.
- Elas na Tech: iniciativa do Governo Federal em parceria com empresas privadas, o projeto capacita mulheres de todo o Brasil em habilidades como desenvolvimento web, lógica de programação, banco de dados e marketing digital, com cursos online e gratuitos.
Esses projetos não só ensinam habilidades técnicas. Eles também:
- Criam redes de apoio e pertencimento.
- Fortalecem a autoconfiança e o senso de capacidade.
- Mostram caminhos reais de empregabilidade e transição de carreira.
- Encorajam a permanência e o crescimento das mulheres no setor tech.
Mais do que isso: mostram que há oportunidades em tecnologia para quem quer recomeçar, mesmo sem ter tido acesso antes.
Se esse for o seu caso, vale também conferir o artigo Mudança de carreira para tech: é possível sem experiência prévia?, que traz dicas práticas, histórias reais e caminhos acessíveis pra dar os primeiros passos com confiança.
Empresas que estão mudando por dentro
A pressão por mais diversidade em TI está fazendo com que empresas adotem ações concretas para atrair e manter mulheres em seus quadros. Algumas estão criando metas de inclusão no mercado de trabalho, ampliando licenças parentais para ambos os sexos, flexibilizando jornadas e promovendo formações internas.
Mas ainda é preciso mais. A igualdade de gênero não se alcança com um post no Dia da Mulher. É preciso repensar processos seletivos, escutar mais, corrigir desigualdades salariais e combater o preconceito nas pequenas coisas do dia a dia corporativo.
E na educação, onde tudo começa?
Mudar o mercado também passa por mudar a forma como a educação trata meninas e meninos desde cedo. Incentivar meninas a explorarem a ciência, a robótica, o pensamento lógico, pode ser o primeiro passo para uma nova geração de mulheres desenvolvedoras, engenheiras e cientistas.
Escolas, professores e famílias têm um papel importante nesse processo. Mostrar que tecnologia é para todos é mais do que um discurso: é uma prática que precisa começar cedo.
Dicas para quem quer entrar na tecnologia agora
Para as mulheres que estão pensando em iniciar uma carreira para mulheres na tecnologia, alguns passos podem fazer toda a diferença:
1. Começar com o que tem
Não precisa saber tudo de cara. Existem muitos cursos gratuitos online que ensinam desde o básico, como lógica de programação, até temas mais avançados, como IA e dados.
2. Procurar comunidades
Existem várias redes voltadas às mulheres em tecnologia, como a PyLadies Brasil e o Women Who Code. Participar desses grupos traz apoio, aprendizado e oportunidades reais.
3. Não se comparar
Cada pessoa tem um ritmo. Comparar-se com colegas que já estão anos à frente só gera ansiedade. O importante é seguir em frente, um passo de cada vez.
4. Investir em autoconhecimento
Saber o que você gosta dentro da área de tecnologia ajuda muito. Existem diversas possibilidades: desenvolvimento de sistemas, UX design, análise de dados, cibersegurança…
Uma caminhada que vale a pena
A trajetória das mulheres na tecnologia é feita de coragem, persistência e transformação. Ainda existem barreiras, sim. Mas existem também muitas portas sendo abertas, muitas conquistas sendo celebradas e muito talento esperando por oportunidades.
Cada mulher que decide entrar nesse mundo contribui para mudar a cara da tecnologia. E essa mudança é boa para todo mundo: para as empresas, para a sociedade e para o futuro.
Resumo rápido
- Estereótipos e história ainda influenciam a participação de mulheres na tecnologia.
- A representatividade é fundamental para inspirar novas gerações.
- Existem diversas iniciativas gratuitas para incentivar a formação feminina em TI.
- Empresas começam a adotar políticas mais inclusivas, mas há muito o que evoluir.
- A educação é um dos caminhos mais importantes para promover a igualdade.
- Começar, mesmo sem saber tudo, é o primeiro passo.
- Comunidades, apoio e autoconhecimento são aliados valiosos.